O gestor de projetos poderá ser, ao mesmo tempo, um líder?

António Andrade DiasConsultor/Formador

Tendo em conta a multiplicidade de responsabilidades que a função de gestor de projeto acarreta, poderemos colocar a questão de que um gestor de projetos poderá ser, ao mesmo tempo, um líder?

 

Gestor de projetos

É, cada vez mais, um termo que começa a ser familiar e a entrar no léxico comum nas funções de determinados profissionais de uma organização. “Gestor de projetos”, ou “Project Manager”, implica um profissional que saiba gerir e coordenar ações várias, necessidades, aconselhar estratégias, acompanhando todo o processo de gestão que um cliente interno ou externo necessita, desde a concepção da ideia à sua materialização e passagem a operação. Cabe a este profissional pôr em prática iniciativas em conjunto com várias áreas da Organização, analisando o seu desempenho e assegurando o bom funcionamento das mesmas. A sua função engloba também responsabilidades no acompanhamento de propostas, incluindo contratos que satisfaçam as necessidades e objetivos de negócio. No fundo, garante o sucesso do projeto dentro de uma expectativa de prazo, custo e conformidade com os requisitos de qualidade solicitados pelo Sponsor do projeto.

Um gestor de projetos poderá ser, ao mesmo tempo, um líder?

Tendo em conta a multiplicidade de responsabilidades que esta função acarreta, poderemos colocar a questão de que um gestor de projetos poderá ser, ao mesmo tempo, um líder? Se pensarmos que um gestor de projetos tem de ter características que são identificáveis às de uma posição de liderança, como visão estratégica e de negócio, organização, comunicação clara e assertiva, poder de negociação, capacidade de análise, persistência, controle e inspiração, então sim, um gestor de projetos é, ao mesmo tempo, um líder. Não basta ter habilidades técnicas para executar um projeto de forma eficaz de ‘A a Z’, é igualmente necessário ter outras características, nomeadamente comportamentais, para conseguir atingir os objetivos.

A palavra líder vem do inglês “lead”, que significa ‘guiar’. Líder é aquele que tem a visão do caminho certo a ser seguido, a capacidade de conduzir os liderados e de criar novas lideranças. É a habilidade de motivar e influenciar os liderados para que estes contribuam da melhor forma para atingir os objetivos e estas características, são igualmente exigidas a um gestor de projetos.

Gerir e planear, que competências pressupõem?

Um gestor de projeto tem de possuir determinadas características e competências que fazem dele um profissional reconhecido na sua especialidade.

Entre algumas dessas competências comportamentais, destacam-se as seguintes:

  • Ser um bom comunicador. A sua principal atividade é a comunicação e isso representa cerca de 90% das suas atividades. Seja para motivar a equipa, dar ordens de execução, planear, controlar; a comunicação está na base da sua atividade quotidiana.
  • Capacidade de trabalho. Tendo em conta a complexidade que acarreta ser gestor de projeto – assim como o respetivo volume de trabalho – é necessário ser ‘multitasking’, apresentar soluções alternativas, dispor de um pensamento rápido e ser cada vez mais assertivo.
  • Qualidade de entrega. Assegurar o bom funcionamento de um projeto e respetiva implementação, qualidade final e satisfação dos resultados atingidos, este é o maior propósito de um gestor de projetos, mesmo quando há riscos – assumindo-os.

No fundo, o gestor do projeto é o “maestro” de uma orquestra que não pode executar a “sinfonia” fora de tempo.

Competências de um gestor de projeto

competências comportamentais que se pressupõe que um gestor de projeto tenha: como perfil de liderança, habilidade de comunicação e negocial, resolução de conflitos e gestão de pessoas, resiliência, capacidade de lidar com a pressão. A par das comportamentais, existem, igualmente, as competências técnicas - a prática - aquelas que definem o seu know-how de gestão e as competências de perspetivas ou contextuais que colocam o profissional no ambiente da organização e do projeto. Umas sem as outras, pouco valem, é o domínio deste triângulo mágico de competências que permite diferenciar verdadeiramente o gestor de projeto.

É bom ter em mente que um profissional dotado de conhecimentos técnicos, mas sem as restantes habilidades comportamentais e contextuais dificilmente poderá ser um gestor de projetos, onde impere a eficiência e a eficácia. Para, efetivamente, ser um bom profissional nessa área, deverá desenvolver constantemente essas competências – limando aquelas onde possui uma maior falha e que necessitam de ser melhoradas - em detrimento de outras. E essa é, primordialmente, a diferença entre estar e ser um líder de projetos.

Escrito por

António Andrade Dias

Licenciado em Gestão de Empresas, Pós Graduado em Gestão de Projetos pela Universidade de Bremen/Alemanha, MBA-Grade Management, pela University of Florida/USA.É certificado pela International Project Managment Association (IPMA) Sócio Fundador da Associação Portuguesa de Gestão de Projetos (APOGEP) e Presidente da Direção. Tem desenvolvido a sua atividade como docente em Universidades Portuguesas e Brasileiras. Coordenador do Curso de Qualificação para a Certificação em Gestão de Projetos no Instituto Nacional de Administração (Lisboa-Portugal) – Modelo IPMAPalestrantre e Conferencista em escolas de gestão e eventos da APOGEP/IPMA e PMI. Tem atuado como consultor e/ou gestor de projetos-programas, em entidades públicas e privadas, nomeadamente, eChiron, NLS, FIAT Portugal, Renault Portuguesa, SIVA (Volkswagen-Audi), Unicer, Atec, TMN-PT, Triumph, Hospital de S. João, Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal, Governo Português (Ministério das Finanças e Ministério da Segurança Social), entre outros.
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