É cada vez mais importante as empresas, os indivíduos e os Estados refletirem de forma sistémica sobre o futuro e a forma como se poderão preparar melhor para o que pode acontecer, para o “espaço dos possíveis”.
Com o “acelerar da história”, no que tal ideia comporta de desenvolvimento científico, tecnológico e societal (nas suas vertentes incremental e fraturante), é cada vez mais importante as empresas, os indivíduos e os Estados refletirem de forma sistémica sobre o futuro e a forma como se poderão preparar melhor para o que pode acontecer, para o “espaço dos possíveis”.
De facto, a questão (a mais difícil de responder, primeiro, e de implementar a resposta, depois) assemelha-se a: se considerarmos que o cenário A constitui uma evolução plausível para o contexto estratégico em que a nossa empresa se insere, o que faremos de diferente no futuro imediato? O que faremos de diferente se o Reino Unido sair do Mercado Único? O que faremos de diferente se o preço do petróleo subir exponencialmente? O que faremos de diferente se a economia espanhola entrar em recessão? O que faremos de diferente se forem reintroduzidos controlos alfandegários na UE? O que faremos de diferente se o nosso principal fornecedor se tornar no nosso principal concorrente? O que faremos de diferente se uma tecnologia disruptiva transformar o jogo de forças do nosso mercado? O que faremos de diferente se uma alteração legislativa mudar “as regras do jogo”? O que faremos de diferente se alguns destes acontecimentos ocorrerem em simultâneo?
Aproveitar a incerteza e evitar a surpresa – a estrutura do futuro
Mas não se trata, de todo, de um exercício passivo. Muito pelo contrário. Exige, para lá de capacidade de antecipação, mobilização para a ação. Parece-me demasiado simplista (e perigoso) pensar-se que, dada a complexidade crescente dos eventos, de pouco vale uma reflexão prévia sobre os mesmos. Pelo contrário, a complexidade do contexto estratégico não deixou de ser apreensível nas suas grandes linhas e de trazer fortes vantagens competitivas a quem for capaz de se alinhar com as “tendências pesadas” e as “forças motrizes” que delinearão os mercados, a vida de cada um de nós, a posição regional da cidade X, o enquadramento geopolítico do país Y e/ou a evolução dos resultados da empresa Z.
O papel dos Cenários e da Prospetiva Estratégica
É neste nicho e com este objetivo – a apreensão de um presente complexo projetando-o em múltiplas imagens de futuro – que aparecem os Cenários e a Prospetiva Estratégica. A ideia central passa por uma tentativa de evitar a surpresa (a nossa, não necessariamente a dos outros), antecipando-a e às suas consequências e daí retirando vantagens competitivas. Evitar ser surpreendido por uma mudança de paradigma energético, por exemplo (ver http://www.shell.com/energy-and-innovation/the-energy-future/shell-scenarios.html). A estrutura do futuro vai resultar da interação entre Megatendências que vêm do passado e que moldam o futuro, Sinais Fracos ou questões numa fase embrionária de desenvolvimento, Wildcards/”Cisnes Negros” que nos podem surpreender de forma positiva ou negativa e Incertezas que podem conduzir o nosso contexto estratégico em diversas direções.
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Paulo Desde 7 anos
Muito bom!
António Alvarenga Desde 7 anos
Muito obrigado pela reação ao artigo.
Artur Desde 7 anos
Obrigado por este excelente artigo, um olhar sobre uma área de enorme importância mas muito negligenciada.
Seria importante que as instituições públicas, as empresas privadas, as NGOs e, até certo ponto, os cidadãos, recorressem de forma sistemática a este tipo de ferramentas. Permitiria evitar erros e melhor preparar o futuro colectivo desejado.
António Alvarenga Desde 7 anos
Caro Artur,
Muito obrigado pelo comentário. Como imaginará concordo com o que afirma e tento, como muitos outros, contribuir para a capacitação das empresas e decisores nas ferramentas dos Cenários e da Prospetiva Estratégica. O conhecimento destas ferramentas é especialmente relevante para concretizar a ligação entre Cenários/Prospetiva e Estratégia/Ação, permitindo antecipar e acompanhar os desenvolvimentos no nosso contexto estratégico e adequar atempadamente as nossas prioridades, ações e projetos. Estas ferramentas também são particularmente úteis para o desenvolvimento de novos produtos e serviços e para fases de redefinição estratégica, permitindo “visualizar” o que significa “ir numa nova direção”.