8 passos para implementar programas internacionais de formação bem-sucedidos

Consultores Cegos

Ser bom cozinheiro não significa estar pronto para alimentar uma cidade inteira: a diferença entre preparar 5, 50, 500 ou mais pratos é gigantesca e pode mesmo levar a que a qualidade final saia comprometida. O cozinheiro está pronto para adaptar a sua forma de cozinhar? Preparar as suas refeições em diferentes cozinhas? Trabalhar em cozinhas geridas por diferentes profissionais? Utilizar diferentes ingredientes e utensílios? E, mais importante ainda, conseguir um resultado final saboroso e que agrade a diferentes (e exigentes) tipos de paladar?

É através desta metáfora gastronómica que queremos abordar o tema da formação aplicada a números exponencialmente crescentes de participantes. É possível manter a eficácia, as caraterísticas e a qualidade de um programa de aprendizagem habitualmente entregue em pequena escala… quando este passa a ser lançado em massa ou a uma escala global?

A resposta é SIM! Sim, é possível formar várias pessoas ou equipas a nível internacional, assegurando que existe uma visão comum corporativa e a necessária adaptação do percurso, de forma a tornar os conteúdos, competências e práticas relevantes em qualquer parte do mundo. Assegurar a qualidade, controlar os custos, garantir o planeamento... São muitos tópicos a ter em conta.  

 

 

É por isso que identificamos neste artigo 8 pontos-chave essenciais para garantir programas internacionais de formação bem-sucedidos e implementados de forma segura:

 

  1. Estabeleça objetivos claros e uma estratégia de implementação: O que pretende alcançar?Como em todos os planos e projetos, a definição de objetivos é primordial. Neste caso, é fundamental que tenha em mente uma imagem clara de como deve ser o seu programa de aprendizagem - especificamente, o que pretende alcançar em termos de KPIs e resultados visíveis no local de trabalho dos participantes. Estes resultados irão ilustrar o project scorecard e serão necessários ao longo da implementação para garantir que está no caminho certo.

  2.  Defina o programa mais adequado para os formandos: Qual deverá ser o conteúdo e a metodologia? Há muitas e excelentes soluções de aprendizagem (off-the-shelf) no mercado. Pode decidir se quer utilizar alguma delas e adaptá-la a uma organização específica ou se quer desenhar uma nova solução partir do zero, completamente customizada (e que combine outras soluções existentes). Todas as opções são válidas, uma vez que o sucesso final depende de inúmeros fatores. Quanto mais material "off-the-shelf" utilizar, menor será o investimento inicial, assegurando uma implementação rápida com uma garantia aceitável de resultados positivos. Por outro lado, se optar por um programa personalizado, poderá beneficiar de uma apropriação mais precoce e abordar objetivos muito mais específicos.

  3. Selecione um prestador de formação global: Quem é capaz de implementar o programa glocalmente? A maior parte das vezes, é em conjunto com o prestador de formação que irá definir o conteúdo e a metodologia do programa. É por isso que é importante verificar que se associa a uma entidade que é capaz de garantir formadores certificados e competências de project management necessárias para a implementação, entre outras. Considere quepara iniciativas globais, é mais eficaz utilizar fornecedores globais do que uma combinação ou multiplicidade de fornecedores locais – ou um fornecedor local que precisa de se deslocar para entregar o programa ou que o fará virtualmente a partir de um único lugar…

  4. Envolva os stakeholders da organização e locais: Quem promove o programa e quem deve ser envolvido internamente? É evidente que os seus colegas locais conhecem várias entidades capazes de entregar formação com bom conteúdo... Não basta garantir apenas uma grande solução para que todos concordem com ela e simplesmente esqueçam os seus habituais fornecedores locais (e de confiança). Se quiser que a sua abordagem seja bem-sucedida, terá de apresentar um case study de sucesso que torne viável a sua a iniciativa global. Precisará, portanto, de patrocínio e apoio da organização, e de argumentos à medida para a adesão local.

  5.  Considere a cultura, o idioma e as caraterísticas locais: Quanto é que deve modificar/ajustar por região?Não espere que os seus colegas locais lhe peçam para fazer retoques no programa para o tornar relevante para essa região: seja proativo, definindo qual será o "tempero local" do seu programa de formação. Pode pensar que não precisa de o fazer… até que alguém lhe enderece um pedido nesse sentido... ou pior, quando for tarde de mais e as métricas e resultados do programa ficarem aquém do esperado. Lembre-se dos mantras: "tradução não é localização" ou "A aqui é B ali".

  6. Garanta o staff e os formadores certos: Quem são os intermediários? Pode ter os seus formadores internos, os formadores dos seus parceiros locais ou um grupo misto: mentalize-se de que eles passam a ser os representantes da sua organização em termos de estilo, cultura, background e expertise. Envolva estes profissionais para que estejam alinhados com os valores da empresa e transmitam as mensagens certas – junte-se a eles e “faça-os parte” do processo, em vez de deixar que apenas "façam a sua parte" no processo.

  7. Mantenha o orçamento e a administração sob controlo: O que mais preciso de gerir? As implementações globais podem envolver alguns custos com os quais não costuma lidar em implementações locais, e normalmente implicam uma grande parte de gestão dos stakeholders. Aloque tempo e orçamento suficientes para a conceção do programa (ou ajuste) e antecipe as validações necessárias (pode envolver os seus intermediários locais). Descubra a melhor estratégia de implementação e procure clareza de custos por região, por grupo, por participante, e não se esqueça de calcular o custo total de ownership em vez de apenas "quantidade total de faturas dos fornecedores" (viagens, alojamento, refeições...).

  8. Monitorize a consistência da implementação: Está a funcionar como esperado? Já mencionámos anteriormente etapas importantes como a da adjudicação do programa e a contratação dos formadores, mas depois é muito provável que queira realizar algumas sessões-piloto antes do lançamento do programa propriamente dito (de facto, definir a sua estratégia de lançamento também é outro ponto a considerar). Mesmo depois de tudo isto, vai precisar de acompanhar de perto o feedback e os KPIs recolhidos ao longo do programa. Por conseguinte, é importante manter checkpoints regulares com os intermediários locais para partilhar da sua experiência em cada região e fazer eventuais ajustes ao programa.

 

 

Esperamos que estas 8 sugestões o ajudem a compreender melhor como implementar programas de formação internacionais de forma sustentável e consistente. Veja o vídeo que resume o conteúdo deste artigo e fique atento aos próximos artigos que poderão ajudar a aprofundar alguns dos tópicos aqui abordados.

 

*Este artigo é da autoria de Jonathan Mohadeb  e foi adaptado a partir de artigos originalmente publicados aqui e aqui.

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