Uma nova metáfora para a confiança

Alina OliveiraConsultora, Formadora e Coach

A água é a substância vital que assegura a vida neste planeta – quando ela existe, tudo floresce e cresce; quando escasseia, tudo murcha e morre. O mesmo acontece com a confiança – quando não há confiança, as relações deterioram-se, os projetos falham, os clientes partem para a concorrência, as iniciativas apresentam um fraco desempenho e o trabalho arrasta-se; quando a confiança está presente, tudo o que fazemos floresce e melhora. É a confiança que transforma um gestor em líder. É a confiança que transforma um grupo de pessoas em equipa, um fornecedor em parceiro e é a confiança que constrói uma marca forte com clientes fiéis.

Tal como uma ondulação num lago, a confiança começa connosco e depois espalha-se para impactar os nossos relacionamentos, a nossa equipa e a organização no seu todo. À medida que vamos aumentando os níveis de confiança, mais forte se torna a nossa cultura e mais duradouros são os nossos resultados.

 

 

A maioria das pessoas sabe que as correntes oceânicas são uma das forças mais poderosas da natureza, sendo capaz de influenciar o clima na Terra. No entanto, muitas pessoas não sabem que existem dois tipos de correntes oceânicas. Aquelas que podemos ver são as chamadas correntes superficiais, que representam apenas cerca de 10% de todas as correntes oceânicas do nosso planeta. As outras 90% são as correntes de águas profundas, impulsionadas principalmente pela gravidade e que diferem das correntes superficiais em termos de escala, energia e velocidade. Embora sejam tipicamente invisíveis, têm um poder incrível e até mesmo exponencial para influenciar o que acontece na superfície – podem inclusivamente determinar o clima de continentes inteiros.

Tome como exemplo a sua equipa ou organização – a maior parte do que faz no dia-a-dia, a maior parte do que gere como líder é o que consegue ver, tal como acontece como as correntes à superfície do oceano. Mas as correntes culturais da confiança, muito mais profundas, tal e qual as correntes de águas profundas, podem ser difíceis de ver e de influenciar. E, no entanto, possuem um poder incrível, já que estão constantemente presentes e impactam tudo diretamente na superfície.

 

A confiança é a corrente da água profunda nos seus relacionamentos, equipa e organização, e afeta cada interação, comunicação, projeto ou iniciativa em que está envolvido.

 

E os líderes que entendem isso e aprenderam a aproveitar o incrível poder dessas correntes de água profunda são os que lideram equipas e organizações que possuem uma energia incrível e são capazes de operar a uma velocidade impressionante.

Ao contrário da crença popular, a confiança não é apenas uma "boa virtude" que se possui ou não. Em vez disso, é uma competência fundamental e um verdadeiro condutor económico que é possível aprender e melhorar a partir do momento que tomamos essa consciência. Stephen M. R. Covey, autor do livro “The Speed of Trust”, afirmou mesmo que: "A capacidade de inspirar confiança em todos os stakeholders e criar uma cultura de alta confiança dentro de uma equipa e organização é a competência de liderança mais importante e necessária na economia global de hoje”.

Como líder, se pretende desenvolver uma cultura de envolvimento ou uma cultura de colaboração, desempenho, segurança ou qualidade – em resumo, se pretende construir UMA CULTURA VENCEDORA – então, deve começar pela confiança. É possível criar uma cultura de colaboração sem confiança? Sustentar uma cultura de inovação sem confiança? Garantir um alto desempenho com todos os stakeholders se o líder ou a equipa não forem confiáveis? NÃO.

 

A confiança é a tal corrente de águas profundas e uma cultura de alta confiança é a FONTE de TODAS as culturas vencedoras.

 

*Este artigo foi originalmente publicado n'O Jornal Económico.

Escrito por

Alina Oliveira

Autora do livro “ Resiliência para Principiantes” – ed. Sílabo, 2010.Sou formadora e consultora nas áreas da gestão e liderança de equipas, resiliência, comunicação e gestão de conflitos, gestão do tempo, resolução de problemas, relações cliente/fornecedor.Um dos temas que mais me apaixona é a Resiliência, o que me levou a escrever um livro sobre essa temática: “Resiliência para Principiantes”.
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