10 razões que comprovam a relevância da velocidade da confiança nos dias de hoje

Alina OliveiraConsultora, Formadora e Coach

O livro “The Speed of Trust”foi publicado pela primeira vez em 2006, com uma afirmação muito ousada no subtítulo – "The One Thing That Changes Everything". No entanto, o seu autor Stephen M. R. Covey sabia que esta ousadia era verdadeira, pois tinha vivenciado esta realidade ao nível pessoal e profissional e sabia que em cada indústria, em cada desenvolvimento inovador na tecnologia, nos negócios e nas comunidades, sociedades e famílias, o sucesso tinha sido criado à medida que a confiança tinha sido construída. Por outro lado, o sucesso tornara-se insustentável – ou praticamente inalcançável – sempre que a confiança se tinha perdido.

 

 

Tendo trabalhado com pessoas e organizações em todo o mundo durante mais de 30 anos, Stephen M. R. Covey estava convencido de que à medida que o tempo passa, a confiança torna-se mais oportuna, mais relevante e mais vital do que era quando o livro saiu pela primeira vez. E existem pelo menos 10 razões que comprovam esta afirmação:

 

1 —Vivemos num mundo onde a confiança se encontra sob ataque

Como resultado, tendemos a tornar-nos mais cautelosos, perpetuando um ciclo vicioso de desconfiança e suspeição. Um mundo com baixos níveis de confiança afeta a forma como vemos os nossos problemas, como tentamos resolvê-los e afeta até a forma como vemos as pessoas com quem trabalhamos e vivemos. A desconfiança é contagiosa. Felizmente, a confiança também, e há pessoas, líderes e organizações que entendem isso – pessoas que promovem a confiança e inspiram outros a fazer o mesmo.

 

2 — A confiança é o motor da economia da partilha

A economia da partilha está a começar a complementar – em alguns casos, a substituir – as formas tradicionais de fazer negócio, nomeadamente através da tecnologia e da confiança digital. Indústrias que antes eram lideradas principalmente por especialistas, estão a ser impactadas e impulsionadas por pessoas comuns. Veja-se o caso do ride-sharing ou do crowd funding, entre outros exemplos de produtos e serviços disponibilizados em mercados que facilitam transações entre desconhecidos, com base na suposição ou criação de confiança mútua.

 

3 — A natureza do trabalho hoje exige uma colaboração crescente

Operamos hoje num mundo interdependente e colaborativo. Cada vez mais, as equipas estão a ser formadas por pessoas de diferentes departamentos, edifícios e até mesmo países – e a confiança é a derradeira ferramenta de colaboração. Em equipas com altos níveis de confiança, fatores como a distância física e outros obstáculos à colaboração tornam-se quase irrelevantes, pois são capazes de operar de forma transparente e a uma velocidade incrível. Já as equipas com baixos níveis de confiança, lutam para superar a mera coordenação e arrastam-se no trabalho, sem conseguir gerar um desempenho sustentável.

 

4 — A mudança é o “novo normal” no mundo em disrupção

A mudança está a acontecer a uma velocidade extraordinária e sem precedentes. Infelizmente, a “mercadoria” mais perecível em ambientes de grande mudança é a confiança. Paradoxalmente, a confiança é também o único meio através do qual as pessoas podem gerar a velocidade, o compromisso e a inspiração necessários para navegar com sucesso em ambientes de rápida mudança.

 

5 —A força de trabalho multigeracional precisa de uma abordagem diferente à forma de trabalhar

O equilíbrio da representação geracional na força de trabalho está a mudar muito rapidamente. Os millennials – e as gerações seguintes – são motivados, inspirados e envolvidos de maneiras diferentes e por coisas diferentes das gerações anteriores. As gerações mais jovens não querem ser geridas, querem ser lideradas. Querem ser inspiradas. Em suma, querem ser confiáveis. A própria natureza da força de trabalho de hoje valoriza cada vez mais a confiança, e colmatar as lacunas geracionais é um dos grandes desafios de liderança do nosso tempo.

 

6 — A confiança é o facilitador crítico das iniciativas estratégicas

Vários estudos aplicados a vários setores mostram que a confiança é vital para iniciativas estratégicas importantes, muitas vezes relacionadas com envolvimento, execução, inovação, retenção, recrutamento, colaboração, trabalho em equipa, produtividade, segurança, vendas, fusões/aquisições e mudanças de liderança. A realidade é que os maiores problemas de desempenho organizacional são, na verdade, problemas de confiança disfarçados. E se melhorarmos ao nível da confiança, seremos melhores em tudo o que precisarmos de fazer.

 

7 — A confiança tornou-se uma iniciativa estratégica chave

Equipas e organizações de todo o mundo estão a fazer da confiança o seu principal foco orientador na forma como operam, tanto interna quanto externamente. O sucesso no mercado é a confiança monetizada. Quando superamos os nossos concorrentes, fica claro que o mercado tem mais confiança na nossa organização, nos nossos produtos ou serviços. A longo prazo, este tipo de sucesso no mercado só é sustentável quando é uma consequência de quem somos internamente – por isso, cada vez mais, líderes e organizações estão a concentrar-se proativamente no desenvolvimento e na construção da confiança de dentro para fora.

 

8 — A cultura ressurgiu como um imperativo para o sucesso organizacional

Construir uma cultura é, cada vez, o foco mobilizador de líderes e organizações. Construir uma cultura vencedora, com valores fortes, inovadora, responsável, pautada pela execução, a diversidade e o desempenho – e que tenha como base uma cultura de alta confiança, caso contrário, todos os outros esforços serão insuficientes. São as organizações que criam uma cultura de confiança as que ganham no mercado e aquelas que atraem as equipas e pessoas mais talentosas.

 

9 — O estilo da gestão de ontem é insuficiente para as necessidades da liderança de hoje

O velho estilo de liderança à base de "Comando e Controlo" é ainda o principal estilo operacional para a maioria dos líderes e organizações de hoje. Mas tentar operar no mundo de hoje com este estilo é como tentar jogar ténis com um taco de golfe – a ferramenta está completamente desajustada. O estilo de liderança que tem sucesso no mundo de hoje é o da "Confiança e Inspiração" – confie nas pessoas com quem trabalha e inspire-as a fazer a diferença. Ser confiável é a forma mais inspiradora de motivação humana, pois traz à tona o melhor das pessoas.

 

10 — A confiança é a nova moeda de troca do mundo de hoje

Definimos moeda como "algo que está em circulação como meio de troca". Quando pensamos em moeda, normalmente pensamos em dinheiro. Mas existe outro tipo de "moeda" ainda mais importante na criação de um sucesso sustentado na economia global de hoje – a moeda da confiança. Já vimos isso acontecer com a crise financeira global e em todas as transformações sociais e económicas significativas que aconteceram antes e depois. Quando as pessoas veem um país, uma organização ou mesmo um indivíduo como confiável ou merecedor de confiança, os dividendos da confiança que se acumulam proporcionam acesso, oportunidades e influência que o dinheiro sozinho nunca poderia comprar.

 

Cada uma das 10 razões apontadas mostra como a velocidade da confiança é ainda mais relevante hoje do que quando saiu a primeira edição do livro “The Speed of Trust”.

A forma como resolvemos os problemas e fazemos as coisas é com e através das pessoas. E nada é mais impactante para as pessoas, no seu trabalho e no seu desempenho do que a confiança. Por isso é que a ousada afirmação de Stephen M. R. Covey continua mais atual e pertinente do que nunca, porque a Confiança é mesmo o elemento capaz de mudar tudo e de fazer a verdadeira diferença.

 

 

No Business Transformation Summit, que se realiza no próximo dia 31 de outubro, na LxFactory, Gary T. Judd vai liderar o Acceleration Workshop “The SPEED of TRUST: The One Thing That Changes Everything”. Saiba mais aqui.

Escrito por

Alina Oliveira

Autora do livro “ Resiliência para Principiantes” – ed. Sílabo, 2010.Sou formadora e consultora nas áreas da gestão e liderança de equipas, resiliência, comunicação e gestão de conflitos, gestão do tempo, resolução de problemas, relações cliente/fornecedor.Um dos temas que mais me apaixona é a Resiliência, o que me levou a escrever um livro sobre essa temática: “Resiliência para Principiantes”.
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