2 ouvidos e 1 coração: aquilo que todos têm e podem usar para serem melhores líderes!

Esmeralda CorreiaStrategic Account Manager & Head of Hospitality

Associado a ser um bom ouvinte, se o líder apresentar a capacidade de sentir o que são as “queixas”, problemas, preocupações e demais questões que um colaborador traga, terá naturalmente a admiração e o compromisso do seu colaborador.

- Quais são as competências necessárias que qualquer líder deve ter para que se possa tornar uma referência junto da sua equipa?

 

 

- Quais são as matérias que é preciso saber/aprender sobre liderança para ser reconhecido como um bom líder? Vamos lá enumera-las:

 

  • Conhecer as diversas maturidades das suas equipas? Sim!
  • Saber gerir conflitos? Sim!
  • Dominar a técnica do coaching? Sim!
  • Dominar claramente todas as ferramentas de PNL? Sim!
  • Aprender sobre inteligência emocional? Sim!

Ok, ótimo! Assim sendo, basta colocar todos os chefes de equipa em todos estes treinos e tcharam!!!! Temos um grande líder! Certo??? NÃO!!!

 

Era bom que assim fosse, mas infelizmente não há esta fórmula tão simples de “tornar” qualquer um responsável de equipa num líder de referência!

Não minimizando o positivo impacto que todas essas aprendizagens fazem no desenvolvimento intelectual dos indivíduos, nos momentos em concreto que definem um líder de um responsável por um conjunto de pessoas, é efetivamente o COMO o faz.

Será que quando está em frente a um colaborador com um problema em concreto, ou quando é confrontado com alguma falha feita por algum dos seus colaboradores, ou quando o seu colaborador começa a não atingir os objetivos esperados, ou quando o resultado da sua equipa está abaixo do esperado, ou quando no dia a dia stressante alguém o confronta com uma decisão, não decisão, ausência de resposta, pouca presença, etc etc… Será que nessa altura basta ir buscar uma das várias ferramentas aprendidas, colocá-las em prática e tudo retoma a normalidade e os resultados começam a acontece? Será?

 

Podem ajudar, sem dúvida, mas se não houver a componente humana e pessoal em todos estes momentos, não há ferramentas/técnicas/teorias que nos valham…. Reparam momentaneamente mas não resolvem!

Assim sendo, voltamos ao ponto inicial da nossa pergunta… O que é necessário a pessoa ter para se tornar um líder de referência junto da equipa que comanda? Correndo o risco de reduzir a questão ao básico, arrisco mesmo assim dizer que todos nasceram naturalmente com as características necessárias para se tornarem em grandes líderes: ouvir, sentir e estar com as pessoas. Simples como isso.

De todos os processos que tenho visto e analisado, a maioria das situações do dia-a-dia de uma equipa, resolvem-se ouvindo, sentindo e estando na situação.

Assim sendo, quais as características que tenho detetado transversalmente naqueles que gerem equipas e que são referências para elas, tem efetivamente uma capacidade de ouvir e uma disponibilidade para estar aqui e agora com as suas pessoas?

Ouvir no sentido mais básico do conceito, 2 pessoas, uma conversa, onde os ouvidos fazem efetivamente o seu papel: OUVIR o que o colaborador está a dizer.

 

Muitas pessoas precisam unicamente de ser ouvidas. De perceberem que têm em frente alguém disposto a ouvi-la. A grande maioria das vezes só essa perceção resolve a questão.

Associado a ser um bom ouvinte, se o líder apresentar a capacidade de sentir o que são as “queixas”, problemas, preocupações e demais questões que um colaborador traga, terá naturalmente a admiração e o compromisso do seu colaborador.

O saber estar com as pessoas e o saber fazê-las sentirem-se importantes nos momentos em que procuram quem tem a responsabilidade sobre si, é uma premissa que devia ser desenvolvida desde o dia 1 que se tem alguém, ou algumas pessoas, para gerir!

 

Será que são premissas assim tão difíceis de colocar em prática??

Podemos aprender, com treino em situações simuladas, como ouvir as pessoas? Como as fazer sentir importantes? Como as compreender? Como me colocar e sentir o que estão a sentir?

Esses treinos podem ajudar a orientar em como fazê-lo, mas se não for uma transformação reflexiva e interna, fica a fazer como todos fazem, uma pessoa a vociferar à sua frente qualquer coisa, que até lhe está a tirar tempo precioso às muitas tarefas que tem em mãos, e que no fim sai cabisbaixo sem qualquer sentimento de ter sido ouvido e entendido!

Não se pode desenvolver o que não se sente como necessidade…. Se sentir essa necessidade, então sim, vá aprender e dedique-se ao processo que vai com certeza evoluir no sentido positivo. E as pessoas sentem, sentem que está efetivamente a fazê-lo de forma genuína…

 

Pode desenvolver-se em termos pessoais?? PODE!!! Claro!! Basta querer e essencialmente admitir que não o faz da melhor forma. E depois treinar, refletir e dar-se.

Essa será a grande questão que impede os responsáveis de equipas de serem melhores, de crescerem no sentido positivo. Uma vez chefe de uma equipa tenho que ter e apresentar o ar de quem sabe tudo. Que não tem fragilidades e muito menos de quem se deixa emocionar com temas domésticos de quem consigo trabalha!

 

Nada mais errado! Lembremo-nos que as grandes referências do século passado, e que continuam presentes nas nossas mentes, foram/são efetivamente pessoas descontraídas, simples e práticas.

Não é porque está atrás de uma secretária, com uma função superior, que deixou de ser igual a todos os outros e, essencialmente lembre-se, que são todos os outros que o podem manter mais e melhor nessa função!

Pessoas que lideram pessoas…sejam….pessoas! Com 2 ouvidos disponíveis, um coração para sentir genuinamente e um par de braços disponíveis sempre que for preciso aconchegar!

Escrito por

Esmeralda Correia

Possui formação em Sociologia e Pós-Graduação em Ciências Empresariais, trabalha há mais de 20 anos nas áreas das empresas ligadas à formação e desenvolvimento de RH - primeiro no setor do software de gestão documental, depois entrou na área do Turismo e Hotelaria, com o projeto das Pousadas de Portugal.Continuou apaixonadamente nesta área de negócio, com os desafios permanentes no Grupo Pestana, onde foi responsável por toda a área de desenvolvimento de RH do grupo a nível nacional.Atualmente desempenha funções de Strategic Account Manager & Head of Hospitality na Cegoc.
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