A Comunicação Interna e a Gestão de Pessoas (2ª parte do “jogo”)

António Luís LopesTécnico Sénior – Área de Suporte Corporativo

Neste texto damos continuidade ao tema da Comunicação Interna e a Gestão de Pessoas, acompanhando um treinador e a sua equipa de futebol. Entre no jogo...não fique na bancada!

 

 

A 2ª parte do “jogo” - Comunicação Interna

Ainda se recorda daquele treinador de uma equipa de futebol imaginária que referimos no artigo anterior?.. Aquele que não falava diretamente com os jogadores para lhes dar orientações, motivar e ouvir as suas sugestões, deixando que fosse o adjunto a fazê-lo?

Foi despedido!...

 

Com efeito, a equipa estava pior de dia para dia, os jogadores conflituavam entre si e andavam perdidos no campo sem perceberem bem qual a missão de cada um, não existia estratégia, não havia motivação e os resultados eram desastrosos. Todos se culpavam mutuamente e ninguém se responsabilizava por nada…

A Direção do Clube tomou uma decisão: era preciso mudar de treinador.

 

A Mudança - A Missão

O novo treinador chegou há cerca de 3 semanas – e já fez alterações significativas. A primeira de todas foi reunir com a equipa. Com todos – dirigentes, jogadores, adjuntos, roupeiros. Definiu uma Missão muito clara – vencer! Para tal, era preciso que cada elemento da equipa desse o seu melhor e demonstrou que até o roupeiro fazia parte dessa busca de sucesso porque um par de botas com os “pitons” errados poderia ser impeditivo de uma boa performance por parte do atleta que as calçasse, levando-o a falhar um remate decisivo. Evocou a História do clube e os grandes feitos do passado – e até mandou colocar fotos dessas conquistas e dos grandes “craques” de outrora nos corredores de acesso do autocarro e nos balneários da equipa. Pediu para construir um espaço privado, dentro do estádio, para as famílias dos jogadores se encontrarem e confraternizarem nos dias de jogos, com quadros com fotos de todos os elementos da equipa nas paredes, assim como locais adequados para colocarem as fotos dos seus cônjuges ou filhos, jogos eletrónicos para as crianças brincarem, TV, jornais e revistas, acesso à Internet, etc.

 

O papel de cada um e o trabalho em equipa

Neste momento cada jogador tem um conhecimento preciso da sua posição no terreno de jogo, da missão a cumprir e da forma como deve interagir com os parceiros nas posições mais próximas de si. Pen´s e CD´s com informações relevantes sobre os adversários (incluindo pequenos vídeos sobre as suas principais forças e fraquezas) são disponibilizados, regularmente, a cada jogador para que possam visualizá-los quando e onde quiserem, após os treinos e reuniões. Quando alguém tem dúvidas fala diretamente com o treinador – que as esclarece junto de toda a equipa, se necessário, ou arranja sempre um momento para, em privado, falar com o jogador em causa. O mesmo acontece quando algum jogador tem um problema familiar que afeta o seu desempenho, ou anda preocupado com notícias especulativas sobre o seu futuro que saem nos jornais – sabem que podem falar com o novo treinador a todo o momento e encontrar apoio, conselho ou “defesa” perante o exterior.

 

Ainda não atingiram o 1º lugar da tabela – mas subiram duas posições desde que o novo treinador chegou. Respira-se um novo ambiente – de confiança mútua, de orgulho em integrar aquela equipa, de ambição alicerçada no Conhecimento.

 

A Gestão de RH e a Comunicação Interna

Tal como o novo treinador não optou por se concentrar apenas nas táticas e estratégias dentro de campo, também o Gestor de Recursos Humanos (ou de Pessoas, como parece estar, hoje em dia, mais na “moda”…) não pode limitar-se a ser apenas um “gestor de recrutamento / formação / dispensas e salários” nas organizações. As questões de Comunicação Interna TÊM que lhe dizer respeito – e devem constituir uma parte significativa das suas preocupações. Quer porque os “jogadores” necessitam de orientações claras, mensagens fortes de motivação e reforço do orgulho em envergarem “aquela” camisola; quer porque há processos de aprendizagem / Formação que podem (e devem) ser apoiados com verdadeiras “campanhas” de comunicação interna.

 

Se gere Pessoas e pretende ter o sucesso do novo treinador – acredite, isto tem que ser MESMO consigo!...

Escrito por

António Luís Lopes

  • Licenciatura – Sociologia – FCSH – Un. Nova de Lisboa
  • Pós Graduação – Gestão RH – INDEG / ISCTE

Experiência Profissional:
– 1987 – 1989 – Oficial da Reserva Naval na Marinha de Guerra Portuguesa;
– 1990 – Chefe do Serviço de Pessoal – Gráfica Europam / Publicações Europa-América – Mem Martins;
1990 – 2015 – Técnico – Gabinete de Estudos e Planeamento – Direção de Pessoal / CGD – Caixa Geral de Depósitos; Técnico – Gabinete de Recrutamento, Estágios e Formação; Coordenador de Gabinete – Unidade de Comunicação RH da Direção de Pessoal – CGD;
Atualmente – Assessoria Técnica / Suporte Corporativo (Área de Apoio à Administração) – CGD;
– Formador profissional em regime livre;
– Diversos artigos publicados sobre Comunicação Interna e Gestão RH em revistas da especialidade; orador convidado na 11ª Expo RH – Centro de Congressos do Estoril – Março 2012.

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